FOLHA DE S.PAULO – 13/06/2019

No Brasil, 85% dos usuários de internet respondem se preocupar com o que é notícia verdadeira e falsa, online. Os Estados Unidos não vêm muito atrás, dividindo o sétimo lugar com França e Chile, os três com 67%.

E o Brasil está também no topo da lista dos países em que o WhatsApp se tornou “rede primária para discussão e compartilhamento de notícias”, com 53% usando a plataforma para notícias, seguido por Malásia (50%) e África do Sul (49%).

Os dados são algumas das “revelações mais importantes”, segundo os autores, do Relatório de Jornalismo Digital de 2019 do Instituto Reuters, ligado à Universidade Oxford, divulgado nesta quarta (12).

A pesquisa que embasa o estudo de 156 páginas foi feita pelo YouGov em 38 países, em janeiro e fevereiro, ouvindo via internet cerca de duas mil pessoas em cada um. Os resultados nacionais foram agregados usando cotas representativas por educação, gênero e idade.

O capítulo sobre o Brasil ressalta a “atmosfera de polarização” no ano eleitoral, “culminando com a publicação pela Folha” de reportagem sobre a campanha de bombardeio de mensagens via WhatsApp. “No dia seguinte, o WhatsApp anunciou que havia banido nas semanas anteriores mais de cem mil contas”, registra o estudo.

Também quanto ao Brasil, “os esforços da indústria de jornais para atrair assinantes digitais parecem estar funcionando, com crescimento de 33% para aqueles que têm edições eletrônicas”.

Mas de maneira geral, destaca o Instituto Reuters, o quadro constatado é de estabilidade, com o número de usuários de internet que pagam por notícias nos EUA, por exemplo, se mantendo nos mesmos 16% de 2017.

“Mesmo nos países nórdicos, com maior nível de pagamento por notícias, a grande maioria tem somente uma assinatura online, sugerindo que a dinâmica ‘o vencedor leva tudo’ deva ser significativa”, avalia Nic Newman, principal responsável pelo estudo.

 “Em alguns países, uma fadiga de assinatura já pode estar acontecendo, com a maioria preferindo gastar seu orçamento limitado em entretenimento, Netflix, Spotify, em vez de notícias”, acrescenta.