FOLHA DE S.PAULO – 26/10/2018
Em comunicado divulgado à imprensa nesta quinta-feira (25), a Record disse repudiar veementemente “declarações caluniosas, falsas e preconceituosas” do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad.
De acordo com a nota, as “ofensas atingem diretamente todos os funcionários e colaboradores do jornalismo”.
Ainda segundo o informe, a emissora disse não aceitar “ataques covardes” e que a conduta de seus profissionais é pautada na imparcialidade.
Na semana passada, Haddad afirmou que a Igreja Universal do Reino de Deus tem “pretensões de governar o país” e que seu líder, o bispo Edir Macedo, coloca a TV Record, da qual também é dono, a serviço do candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
Haddad fez as declarações em entrevista ao jornalista Bob Fernandes na TVE Bahia. Na ocasião, o petista, que foi questionado a respeito de Macedo, não citou nominalmente o bispo, a igreja ou a Record.
Anteriormente, o ex-prefeito de São Paulo também associou o líder religioso ao “fundamentalismo charlatão” e disse que Macedo tem “fome de dinheiro”.
Além de repudiar as declarações de Haddad, o comunicado da Record “denuncia a estratégia de alguns veículos de comunicação” que, segundo o texto, objetivam apoiar a candidatura do petista.
O texto também afirma que a Record “procura sempre apresentar suas reportagens jornalísticas de forma equilibrada, mesmo com as críticas infundadas e ofensivas de qualquer candidato”.
No fim de setembro, em publicação feita em conta pessoal no Facebook, Macedo anunciou apoio a Bolsonaro. Uma semana depois, o deputado federal, líder nas pesquisas de intenção de voto, concedeu entrevista ao Jornal da Record no mesmo dia e horário em que foi realizado debate com presidenciáveis, no primeiro turno.
O candidato se ausentou do debate porque se recuperava de duas cirurgias após ter sido esfaqueado durante ato público em Juiz de Fora (MG).
A entrevista foi motivo de representações de adversários de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral, que consideraram a exibição como “tratamento privilegiado” a um candidato, o que é proibido pela lei.
O Ministério Público Eleitoral, porém, fez posicionamento favorável à emissora e ao candidato, pois avaliou que a reportagem atendia ao interesse jornalístico, uma vez que dava informações sobre uma figura política que havia sofrido um atentado contra sua vida.