Milhares de veículos de comunicação públicos e privados em todo o mundo aderiram, nesta segunda-feira (5), a uma iniciativa da União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) e da World Association of News Publishers (WAN-IFRA), convocando desenvolvedores de IA a ajudar a garantir que a Inteligência Artificial (IA) seja segura, confiável e benéfica para o ecossistema de notícias e para o público.
A ANJ é uma das apoiadoras da iniciativa — divulgada durante o 76º World News Media Congress, da WAN-IFRA, em Cracóvia, na Polônia, do qual participa o presidente-executivo da entidade, Marcelo Rech. “A iniciativa é um passo à frente muito relevante no sentido de estabelecer uma relação saudável entre a produção de informação jornalística e seu uso pelas plataformas de inteligência artificial. É fundamental, por exemplo, o respeito a direitos de autor”, destacou o jornalista.
A iniciativa – Integridade das Notícias na Era da IA – propõe cinco princípios-chave para um código de práticas conjunto, convidando plataformas tecnológicas a abrir diálogo e cooperação com empresas de mídia para combater a crise de desinformação e proteger o valor de notícias confiáveis. As etapas para preservar a integridade das notícias na era da IA abrangem os princípios de consentimento, justiça, diálogo e outras áreas de engajamento com empresas de tecnologia:
1. O conteúdo de notícias só pode ser usado em modelos e ferramentas de IA generativa com a autorização do criador.
2. O valor do conteúdo de notícias atualizado e de alta qualidade deve ser justamente reconhecido quando usado em benefício de terceiros.
3. Precisão e atribuição são importantes. A fonte original da notícia que fundamenta o material gerado por IA deve ser clara e acessível aos cidadãos.
4. Aproveitar a pluralidade da mídia jornalística trará benefícios significativos para ferramentas baseadas em IA.
5. Convidamos as empresas de tecnologia a iniciar um diálogo formal com organizações de notícias para desenvolver padrões de segurança, precisão e transparência.
“Acreditamos em moldar ativamente o futuro, com foco em inovação, pessoas, valores públicos e responsabilidade pelo ecossistema da mídia pública, da mídia privada e do nosso público”, disse Delphine Ernotte, presidente da EBU e CEO da France Télévisions. “Para que a IA funcione para todos, precisamos da colaboração – dos veículos de comunicação, do público, dos formuladores de políticas e das empresas de tecnologia – e de muitas ações positivas.”
“Organizações e instituições que veem a verdade e os fatos como o núcleo desejável de uma democracia e a base de uma sociedade empoderada devem agora se reunir em uma mesa para moldar a próxima era”, afirmou Ladina Heimgartner, presidente WAN-IFRA, chefe da Media Ringier AG e CEO da Ringier Media. “Podemos fazer isso funcionar – mas somente juntos.”
Os cinco princípios, desenvolvidos pela EBU e pela WAN-IFRA, ganharam alcance extra com o apoio da North American Broadcasters Association (NABA), da Alianza Informativa Latinoamericana (AIL), da Asia-Pacific Broadcasting Union (ABU) e da associação de mídia FIPP. Juntas, essas organizações representam milhares de meios de comunicação de serviço público e editoras privadas que fornecem notícias em formatos de transmissão, impressos e online em todos os continentes.
“A integridade das notícias nunca foi tão importante para manter as pessoas informadas e as democracias saudáveis”, disse Ernotte, da EBU. “À medida que a tecnologia transforma nossas vidas, devemos sempre avaliar os benefícios e riscos para notícias confiáveis, a mídia e nossas sociedades.”
Os princípios também refletem como a mídia jornalística se tornou mais envolvida e inovadora com a IA, ao mesmo tempo em que protege a integridade das notícias em um ambiente complexo. “Um espaço de mídia funcional que agregue valor à sociedade e possa ser compartilhado é um bem comum. Ele deve ser apoiado e incentivado”, ressaltou Heimgartner, da WAN-IFRA. “Se as regras do jogo garantirem jogo limpo para todos, a IA Generativa pode se tornar um catalisador de confiança, também graças ao conteúdo de mídia profissional.”