O GLOBO – 05/07/2019
A revista satírica “Mad” vai deixar as bancas nos Estados Unidos depois de 67 anos e não publicará mais conteúdo novo após a edição do mês de agosto. A informação veio em um comunicado da DC Comics, editora do Batman e do Superman que comprou o título em 2017 e passou a pUblicá-lo a cada dois meses.
Título seminal do humor americano, “Mad” passa a circular no formato de coletâneas de material antigo, que deve apresentar o trabalho de artistas como Sérgio Aragonés, Al Jaffee e Don Martin. Essas antologias estarão nas lojas especializadas em quadrinhos — as nichadas comic book stores . Os assinantes continuarão a receber estas publicações, e ainda haverá livros.
“Mad” era conhecida pelas capas impactantes, com paródias da cultura pop, te temas do cotidiano e da política. Também era popular o mascote Alfred E. Newman, cuja cara sardenta e
apalermada frequentemente estampava as capas. Seu bordão é “What, me, worry?” (em tradução oficial, “Eu, me preocupar?”).
“Trabalhar na ‘Mad’ era um sonho de infância que realizei. A ‘Mad’ é uma instituição com uma história riquíssima”, escreveu a ex-editora Allie Goertz numa rede social. “Ela influenciou praticamente todo comediante e escritor que admiramos”.
A revista era uma das últimas grandes publicações satíricas ainda impressa. A “Spy”, fundada e editada por Carter e Kurt Anderson, fechou em 1998. “The Onion” parou de ser impressa em 2013, mas ainda está atuante na internet e nas mídias sociais.
“Estou muito triste ao saber que, depois de 67 anos, a “Mad” vai parar de ser publicada. Nem sei como descrever o impacto que ela teve em mim na infância”, tuitou o humorista ‘Weird Al’ Yankovic, que foi o primeiro editor convidado da revista, em 2015. “Adeus a uma das maiores instituições americanas de todos os tempos”.
O comediante Brock Baker compartilhou a imagem de uma carta de rejeição enviada por um dos editores depois de ele, aos 13 anos, ter mandado sugestões de piadas e de tirinhas para a revista. “Se eu gostava da revista? Eu guardei essa carta todo esse tempo”, escreveu Baker, 33 anos.
A revista foi fundada em 1952 em Nova York, por Harvey Kurtzman e William Gaines. Mas foi Al Feldstein, que substituiu Kurtzman e liderou a redação por 30 anos, quem conduziu a publicação à proeminência nacional e internacional — especialmente nos anos 1970.
O auge nos EUA foi em 1973, quando a revista chegou a 2,8 milhões de assinantes. Em 2017, tinha 140 mil. “Mad” foi publicada em diversos países, inclusive no Brasil, onde chegou em 1974 e circulou até 2017, entre idas e vindas e passagens por diferentes editoras.