O GLOBO – 05/07/2020
Fernanda Alves
A nova rede social Parler tem feito sucesso entre o público conservador com a proposta de não censurar as publicações de seus usuários. Jair Bolsonaro e seus três filhos mais velhos fizeram conta na plataforma e, juntos, já somam mais de 154 mil seguidores. Na manhã desta terça-feira, o perfil do presidente ganhava em média três mil novos espectadores por hora.
A proposta do aplicativo, que tem como slogan a frase “Leia notícias e comente livremente”, é de que reportagens, artigos e publicações de blogs sejam compartilhados e discutidos pelo usuários.
Bela Megale: Após Bolsonaro, Weintraub e aliados migram para rede social conservadora defendida por Trump
Na prática, vem funcionando de forma semelhante ao Twitter e ao Facebook, em que as pessoas postam textos curtos, acompanhados por fotos e vídeos. Os outros usuários podem curtidos, comentar, compartilhar e votar nas postagem para demonstrar sua aprovação.
A migração para a rede, criada em 2018, acontece no momento que o Twitter, principal espaço virtual de debate político no país, tem deletado publicações que são contra suas regras.
Jair Bolsonaro
O presidente foi um dos que teve publicações apagadas pela plataforma. Nos vídeos deletados, ele aparecia andando sem máscara em Brasília e conversando com pessoas, provocando aglomerações, durante a pandemia de coronavírus.
A conta de Jair já soma 55 mil seguidores em 48 horas de existência. Na manhã desta quarta-feira, o aumento era de três mil novos espectadores por hora.
Uma de suas postagens é o vídeo da campanha publicitária “Alô, presidente”, em que Bolsonaro aparece falando ao telefone com supostos moradores do Nordeste sobre obras na região. Na verdade, foram usadas fotos de bancos de imagens para representar os personagens.
Após questionamento, a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom) informou que se tratava de uma uma peça piloto inacabada, que seria retirada do ar.
Em outro vídeo postado por Boslonaro, um radialista faz um comparativo sobre o plano de governo de Bolsonaro e do candidato à eleição presidencial do PT em 2018, Fernando Haddad.
“Programas de Governo; o que já conseguimos cumprir, e como estaríamos se o outro lado tivesse ganho” escreveu.
Filhos
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL –SP) também se inscreveu no aplicativo, junto com o pai. Ele, que já soma 42 mil seguidores, já usou o espaço para divulgar ações do governo federal, apoiar o casal que apontou armas para um grupo de manifestantes nos Estados Unidos e c riticar o projeto de lei aprovado no Senado para combater as fake news.
Em uma publicação, ele postou o questionamento ‘A Justiça é para todos?’, junto a uma foto do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, que arquivou a interpelação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu irmão, contra o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL).
Carlos também aderiu ao Parler e já angariou 29 mil seguidores. Ele usou a rede para comentar a decisão do Ministério Público de mudar a competência da investigação criminal que apura se ele empregou funcionários fantasmas em seu gabinete. A mudança ocorreu após entendimento do STF de que vereadores do Rio não têm direito a foro especial.
“Pelo que eu saiba vereador não tem foro especial! Mas a narrativa tem que ser intensificada!”, publicou.
Ele também fez uma reflexão sobre a disseminação de notícias faltas nas redes sociais, as fake news:
“O problema sempre foi o crescimento do raciocínio sem cabresto. Fazemos parte de uma nação que começou a tentar sair do buraco há pouco e todos temos muito para desfazer diante de décadas de tesouradas”, escreveu o vereador.
O filho mais velho do presidente, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi o último a chegar no aplicativo. Sua conta, criada há 24 horas, tem 28 mil seguidores. Ele também compartilhou o vídeo da campanha publicitária ‘Alô, Bolsonaro’, usando a legenda de que “à oposição só restarão as fake News”.