O GLOBO – 30/05/2020

Vencedor de dois prêmios Esso, o jornalista Gilberto Dimenstein teve uma extensa carreira em redações como as da “Folha de S.Paulo”, “Jornal do Brasil”, “Correio Braziliense” e “Última Hora”. Depois de se destacar na cobertura política em Brasília, passou a se dedicar a projetos educacionais.

Formado pela Faculdade Cásper Líbero, Gilberto Dimenstein destacou-se na cobertura de temas sociais e de direitos humanos. Em 2008, o jornalista criou o site “Catraca Livre”, cujo objetivo é apresentar informações sobre atrações culturais virtuais ou presenciais em São Paulo e no Rio. Além disso, escreveu livros como “Meninas da noite”, sobre prostituição infantil na Amazônia, e “Cidadão de papel”, sobre os direitos da criança e do adolescente no Brasil, e, junto a outros colegas, “O complô que elegeu Tancredo”, em que abordava os bastidores da transição da ditadura para a democracia.


Nos anos 1990, criou o programa bairro-escola na Vila Madalena, em São Paulo. A iniciativa, implantada por meio do Projeto Aprendiz, foi replicada pelo mundo com ajuda da Unicef e da Unesco. O projeto de formação profissional foi considerado “exemplo de inovação comunitária” pela Escola de Negócios de Harvard. Dimenstein era presidente do conselho da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, em São Paulo, e membro do conselho consultivo do Museu do Amanhã, no Rio. Em 2019, após ser diagnosticado com câncer no pâncreas, já com metástase no fígado, o jornalista escreveu um relato na “Folha”. “Hoje — é até difícil falar isso — estou vivendo o momento mais feliz da minha vida. Aquele Gilberto Dimenstein do câncer morreu. Nasceu outro. Câncer é algo que não desejo para ninguém, mas desejo para todos a profundidade que você ganha ao se deparar com o limite da vida. Não queria ter ido embora sem essa experiência”, escreveu. Gilberto Dimenstein morreu ontem, por volta das 9h, dormindo em sua casa, aos 63 anos.