O ESTADO DE S.PAULO – 26/02/2019
O jornalista Roberto Avallone morreu ontem aos 74 anos em São Paulo, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Avallone sentiu-se mal durante a madrugada e foi levado ao hospital Santa Catarina, onde o óbito foi constatado por volta das 9h. A pedido dos familiares, o local do velório e do sepultamento do jornalista não foi divulgado.
Icônico, palmeirense roxo, mas, como sempre dizia, representante do “Jornalismo Futebol Clube”, Avallone foi um dos principais jornalistas esportivos do País e caminhou com brilho na imprensa escrita, de rádio e televisão. Ele começou a carreira em 1966, no jornal Última Hora. Um ano depois, foi para o recémcriado Jornal da Tarde, do Grupo Estado, onde permaneceu por 23 anos, 12 como chefe de reportagem da editoria de Esportes.
No JT, Avallone ajudou a escrever a história de uma das mais brilhantes editorias de esporte do jornalismo brasileiro. De texto brilhante, coração generoso e ideias inovadoras, conquistou duas vezes o Prêmio Esso, por organizar a cobertura do jornal nas Copas de 1978, na Argentina, e de 1986, no México.
Foi de tanto trabalhar em um jornal diário que Avallone levou para a TV os trejeitos do jornalismo impresso. Em 1984, passou a integrar a Rede Gazeta e reeditou o programa Mesa Redonda, sucesso na década anterior. A partir daí, seus bordões foram surgindo de forma natural e caíram no gosto popular justamente por dar ênfase às suas opiniões, muitas vezes com a pontuação que ele usaria em um texto no jornal impresso.
“Que lance bonito, exclamação!”; “O que será agora do Palmeiras, interrogação”; “No pique”; “Pitadinha histórica…”; “Polêmica”, “Meu Deus!”, entre outros, marcaram época na televisão brasileira e fizeram com que o programa Mesa Redonda superasse a audiência do Fantástico, da Rede Globo, em alguns domingos nos anos 90.
Além da Gazeta, Avallone trabalhou na Band, Rede TV! e SporTV, assim como participou de rádios como Eldorado, Jovem Pan, Globo, Bandeirantes, Capital, Record e BandNews FM. Recentemente, assinava um blog no site Uol.
Ao Estado, o técnico Vanderlei Luxemburgo lamentou a morte do amigo. “O futebol brasileiro, o esporte brasileiro, perdeu um grande fã, um grande admirador. E a imprensa perdeu um grande jornalista, um dos melhores. Era fantástica a coluna que ele tinha no JT”, disse. “Eu agradeço a ele por ter me rotulado, no bom sentido, como ‘Luxemburgo, vírgula, o estrategista’. Isso ficou marcado na minha carreira. Carrego isso com muito carinho”, disse.
Nos últimos anos, o jornalista participava uma vez por semana do programa Redação SporTV, mantinha seu blog e era assíduo comentarista no Twitter. Seu último texto foi publicado ontem, horas antes de ter a morte confirmada. Avallone escreveu sobre a importância de os clubes de futebol terem também um treinador específico para atacantes.