Terminou na terça-feira (16 de maio) a etapa inicial do programa Acelerando Negócios Digitais, realizado pelo International Center for Journalists (ICFJ), com apoio da Meta e em parceria com ANJ e Aner e outras associações. Foram, ao todo, dez sessões voltadas para especialistas, das quais participaram centenas de profissionais. Veja abaixo como foram todas os encontros.

“O negócio das mídias digitais: presente e futuro”

A primeira sessão da nova edição do “Acelerando”, em 14 de março, foi conduzida por Jeremy Caplan, diretor de ensino e aprendizagem na Newmark Graduate School of Journalism da CUNY, de Nova York (EUA).

O jornalista destacou, com otimismo, caminhos para que as organizações superem os principais entraves à indústria jornalística, entre elas a pequena parcela de publicidade digital (a maior parte fica com as Big Techs), a disputa pela atenção da audiência em um mercado cada vez mais concorrido (incluindo o  Streaming), o desinteresse do público com notícias, a desinformação, o ataque de líderes autocráticos e o consequente deserto de notícias. “O jornalismo pode crescer, não apenas sobreviver”, frisou.

Caplan listou uma série de mudanças necessárias e novas competências para a superação dos obstáculos, concentrando-se em produto, comunidade e sustentabilidade. “A formação antiga não satisfaz mais. Precisamos de habilidade de produto, de engajamento, de vendas, de autoconsciência e de capacidades para desenvolver a especialização”, disse. O jornalista também disse que é preciso diversidade de vozes no jornalismo e de produtos, aprimoramento das capacidades individuais, mudança na estrutura de distribuição da notícia e muita transparência.

O jornalista ressaltou ainda a importância do jornalismo local, com forte participação da audiência. Segundo ele, as redações precisam ser flexíveis para ouvir a necessidade do público e se comunicar horizontalmente com ele de forma customizada. “É necessário um jornalismo de diálogo com a comunidade”.

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“Novas Plataformas e Formatos de Mídias”

A segunda sessão da primeira fase do programa Acelerando Negócios Digitais, em 21 de março, contou com uma palestra do jornalista britânico Jon Laurence, supervisor de produção executiva para a AJ+, editora de mídia social da Al Jazeera.

No painel, ele abordou os principais desafios para conquistar e reter a atenção da audiência, a partir de estratégias específicas para diferentes redes sociais. Ele afirmou que, de forma muito acelerada, o mercado de comunicação se transformou nos últimos dez anos, com forte participação das redes sociais e de novos usos para vídeo e áudio, e os publishers têm de estar aptos a produzir conteúdo inseridos nesse ambiente.

Segundo ele, os editores precisam compreender o funcionamento e as peculiaridades de cada plataforma. “A forma de contar uma história depende da plataforma e é diferente porque o comportamento do usuário é diferente”, disse. Laurence ainda deu dicas de como produzir um vídeo atraente, levando em consideração o assunto, a produção, a edição e a publicação em acordo com as características de cada plataforma.

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“Abordagens de mídia centradas no público”

A terceira sessão desta primeira etapa da nova edição do “Acelerando”, em 28 de março, foi conduzido por Jennifer Brandel, cofundadora, vice-presidente sênior e presidente do conselho da Hearken, companhia que fornece nova metodologia para produtores de mídia.

O verdadeiro engajamento é quando a audiência participa, de fato, no processo de produção de conteúdo jornalístico. E não basta somente ouvir as pessoas, é preciso garantir interação de forma a garantir relevância a elas. Dessa forma, quanto mais incluída e ouvida mais provável que a audiência se engaje, compartilhe e financie o jornalismo. Essas são algumas das lições dadas pela jornalista.

“Perguntas que ignoram as respostas criam um buraco vazio”, disse. “Isso não é engajamento, mas apenas consumo. Não fecha o ciclo”, completou. Na prática, a base desse trabalho é o jornalismo de solução, disse Brandel. Ou seja, informar ao público soluções aos problemas apresentados na reportagem e não somente os problemas e conflitos. “As notícias sobre soluções são mais prováveis de serem consumidas, porque trazem um sentido de esperança”, afirmou

Brandel disse que, antes da disrupção no setor de mídia, fazia sentido criar conteúdo com a preocupação de ser o primeiro a dar a notícia. “Hoje, na era da informação, com a multiplicidade de plataformas, ninguém diz que não tem informação suficiente ou que precisa de mais informação. As pessoas precisam de informação relevante”, afirmou. “Existe uma mudança de paradigma das salas de redação que se entendem como os peritos e decidem qual informação é importante, para outro modelo que assume não saber de tudo e quer saber do público quais temas cobrir”.

Ela sugere alguns caminhos para contar uma história participativa: assuntos que mereçam uma cobertura e que possam contar com a colaboração das pessoas; perguntas do público sobre as dúvidas relacionadas ao tema definido; votação da pergunta mais interessante; crédito e voz para a pessoa que trouxe a pergunta; depois da história publicada, peça um feedback, renovando ciclo de produção de conteúdo.

A jornalista deu dicas de como começar a ouvir a audiência: incluir profissionais interessados neste tipo de jornalismo; começar pequeno e concentrado em certos temas; estabelecer os formatos de contato com o público; mantenha contato com a sua audiência enquanto apura a história para gerar mais perguntas e engajamento.

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 “Como as organizações de mídia podem se beneficiar do cálculo do Ciclo de Vida do Cliente (CLV)”

David Grant, da Blue Engine Collaborative, comandou, no dia 4 de abril, a quarta sessão do “Acelerando” nesta primeira fase do programa. O especialista, que tem experiência em gerenciamento de investimentos, treinamento e suporte para editores de notícias em todo o mundo, detalhou os impactos e mostrou como calcular o valor médio de cada assinante, com o objetivo de valorar os serviços jornalísticos e, com isso, elevar a retenção, um dos principais desafios dos editores no que diz respeito a assinaturas.

Em sua apresentação, Grant dividiu os assinantes em três grupos: novos clientes, aos quais deve ser perguntado o motivo pelo qual efetivaram a assinatura e o que esperam receber em troca; clientes ativos, dos quais devem ser analisadas as razões pelas quais seguem assinantes e do que gostam no que é oferecido; ex-assinantes, aos quais deve ser perguntado sobre suas decepções e a razão do cancelamento.

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Retenção de público

A retenção de público no ambiente digital, um dos principais desafios dos publishers na atualidade, foi, na terça-feira (11), o tema da quinta sessão do programa Acelerando Negócios Digitais. Especialista em transição de marcas para o ambiente digital, Guilherme Ravache detalhou estratégias que as organizações de notícias podem colocar em prática garantir não apenas uma boa audiência, mas também um público fiel no ambiente digital.

“Cada vez mais será uma batalha de eficiência e excelência na execução das estratégias”, afirmou o especialista ao destacar que os editores precisam se equipar e se capacitar na tarefa de produzir e distribuir conteúdo qualificado e exclusivo. Segundo ele, os publishers também devem fazer o uso de marketing direcionado e testes gratuitos, além de fazer uso das redes sociais, informou o site da Abert. “São ferramentas poderosas, com uma infinidade de opções, que podem ajudar na aceleração digital das empresas”.

Ravache disse também que as organizações de notícias devem estudar e colocar em prática iniciativas de economia comportamental para melhorar a taxa de conversão para assinaturas e impulsionar o crescimento da receita, com a construção de hábitos e conteúdos atraentes.

“A influência e a credibilidade da mídia permitem monetizar a venda de produtos. Os editores têm no crescente mercado digital uma oportunidade significativa, como, por exemplo, no licenciamento de filmes, séries, podcasts, comércio eletrônico, etc.”, disse, ainda segundo o site da Abert.

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Desenvolvimento de produto: do público ao produto e vice-versa

A disputa por atenção da audiência é hoje um dos principais desafios da indústria jornalística, diz a jornalista Paty Gomes, diretora de produtos do JOTA no sexto encontro do programa Acelerando Negócios Digitais, realizado na terça-feira (18).,

“A gente tem passado por uma mudança no modelo de consumo da informação. Nosso leitor estava prestando atenção na informação. Hoje, a disputa pela atenção é uma das grandes dificuldades que a gente tem porque as pessoas são hiper estimuladas com informações de muitos tipos o tempo todo”, afirmou a jornalista.

Paty disse que os produtos digitais “são entregas ou serviços escaláveis que geram valor para o usuário final de forma recorrente e, com isso, trazem faturamento para a organização que o produz” e lembrou que, “se é um produto digital, tem tecnologia”.

A palestrante ainda comentou sobre ciclo de vida de produtos, a diferença entre produto e projeto, mudança de mentalidade, problemas que podem surgir durante a criação e soluções.

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Tomada de decisão baseada em dados

É preciso conhecer, interpretar e compartilhar o conhecimento gerado por dados com toda a organização. A recomendação é de Silvio Dias, especialista em marketing estratégico e vendas, na sétima sessão do programa “Acelerando Negócios Digitais”, na terça-feira (25).

“É preciso entender melhor o negócio a partir dos dados obtidos, e organizar o futuro”, disse. “Tão importante quanto conhecer os dados e informações é compartilhar conhecimento com a organização; errar rápido e acertar rapidamente”.

O especialista disse ainda que os dados devem ser analisados e organizados por profissionais experientes. “De nada adianta ter um banco abarrotado de informações se não houver pessoas treinadas para direcionar essas informações a quem vai decidir no tempo correto. São pequenas, médias e grandes decisões baseadas em relatórios que antecipam cenários, identificam oportunidades e buscam alternativas para o negócio”, afirmou.

No painel sobre a “Tomada de decisão baseada em dados”, Dias abordou temas como a gestão de negócios de varejo e receitas recorrentes, além de dar dicas sobre o lançamento de produtos, implementação de campanhas de marketing e prospecção de clientes, gestão de equipes e processos estratégicos, com base em inteligência de dados.

De acordo com Dias, a cultura “data driven”, no mundo corporativo, representa o modo de pensar e agir em um ambiente onde bilhões de dados são gerados em segundos, aproximando consumidores e empresas, e com a diferenciação entre concorrentes presente nos pequenos detalhes. “É preciso captar, organizar e analisar informações de diferentes fontes para gerar boas tomadas de decisões”.

Dias ressaltou ainda que desde a definição de produtos e serviços até as decisões estratégicas devem permear as diversas áreas da organização, e os dados coletados e analisados devem definir a atuação que levará a atingir os objetivos estabelecidos. “As informações podem vir do mercado, concorrentes, clientes ou da própria companhia”, afirmou.

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Desenvolvendo modelos de receita inovadores

No encontro do dia 2 de maio, a premiada jornalista Jan Schaffer detalhou o desenvolvimento de modelos de receita inovadores. Ao citar programas de membros, eventos, newsletters e também podcasts, ela ressaltou que é importante fazer um levantamento na comunidade e entre os consumidores para entender e mapear possiblidades. Para Schaffer, além disso, é preciso fazer uso de muita criatividade, dentro de uma lógica de múltiplas fontes de renda.

Como exemplo, a jornalista citou a experiência da WXXI, uma pequena rádio de Nova York. “Eles compraram dois ativos locais para monetizar; um teatro que ia fechar e um jornal semanal alternativo que cobre cultura”. A iniciativa resultou em mais anunciantes e assinaturas, enquanto o teatro passou a receber eventos jornalísticos, filantrópicos e para a comunidade.

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Obtendo as tecnologias certas para empresas de mídia e segurança digital

No encontro do dia 9 de maio, o desenvolvedor e proprietário da Opará Criações, Junior Rocha, deu dicas de ferramentas para o trabalho on-line e métodos para reforçar a segurança digital das empresas. Ele abordou tópicos considerados princípios básicos, como escalabilidade, confiabilidade, interoperabilidade e segurança, por exemplo. Métodos de defesa, como autenticação em duas etapas, e conceitos fundamentais de hospedagem, newsletter, CRM e CMS também foram assuntos discutidos no evento.

Rocha estabelece alguns princípios que devem ser observados ao escolher as ferramentas de tecnologia para o negócio, informou a IJNET:

– Escalabilidade: a organização precisa traçar metas e pensar o negócio a médio e longo prazo.

– Confiabilidade: é preciso analisar se a empresa que oferece a segurança digital é confiável e duradoura.

– Interoperabilidade: a ferramenta contratada precisa operar bem com os sistemas que a organização já dispõe. Precisa ter compatibilidade por mais que seja uma tecnologia inovadora e vantajosa.

– Segurança: é bom olhar o histórico da empresa que desenvolveu a ferramenta, se esteve envolvida em vazamentos de dados e se o produto está de acordo com as leis do país que a organização está situada.

Rocha afirma que estão disponíveis no mercado uma infinidade de ferramentas que vão de encontro às demandas das organizações. Ele elenca alguns tipos principais que podem ser utilizados nos negócios:

– CMS (Content Management System): são as ferramentas de gerenciamento de conteúdo. Rocha destaca a WordPress, DrupalJekyllJoomlaGhost e  Plone.

– Analytics: analisam os dados e o comportamento do usuário dentro do site. As mais importantes são MatomoMixpanel, Google AnalyticsChartbeatHotjar e Facebook Pixel.

– Ferramentas de escritório: utilizadas para ajudar na criação de planilhas, documentos, coletar e armazenar informações. Office 365Google WorkspaceZohoProton mailTwakeZimbra e Nextcloud, são os destaques do desenvolvedor.

– Ferramentas para o envio das newsletters: MailpoetMailchimpSend GridSendinblueSendy e Mailjet.

– CRM (Customer Relationship Management): são as ferramentas de relação com os clientes. Rocha afirma que tem clientes que trabalham com todas. São as TrackmobHubspotDoação SolutionsDoareSuite CRM e HYB.

Em relação às ferramentas de hospedagem de site, Rocha esclarece que existem vários tipos, desde as simples que podem custar R$ 2 mensais, mas que não são tão seguras, ao modelo de VPS (Servidor Virtual Privado), utilizado pela maioria das empresas médias de jornalismo.

Para evitar a navegação lenta, ele recomenda o Gtmetrix e o Pagespeed, que auferem a velocidade e dão um diagnóstico. “A taxa de abandono do usuário é em torno de 90% se o site não carrega em cinco segundos”, afirma Rocha. Os problemas podem ser variados, das imagens grandes e difíceis de carregar ao servidor lento. Outro motivo da lentidão pode estar associado à programação do site não atender ao usuário. “Eu preciso entender quem é o meu público-alvo. O Google Analytics me dá essa informação. Se eu sou de uma agência de jornalismo para periferias e a maior parte do meu público usa dispositivos Android 10 para baixo, o foco do meu site é funcionar num navegador que vai bem para esse tipo de Android.”

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Transformação Cultural

A “Transformação Cultural” das empresas foi o tema da palestra de encerramento da fase de treinamentos do programa Acelerando Negócios Digitais, na terça-feira (16). A próxima etapa da iniciativa é a de mentoria, com duração de cinco meses, para os candidatos que tiverem os projetos selecionados. Nesta etapa, eles poderão receber um fundo de até US$ 15 mil para apoio no desenvolvimento da proposta.

O convidado para conversar com os mais de 300 participantes da sessão foi David Grant, da Blue Engine Collaborative. Entre os assuntos abordados por ele, estiveram o significado de cultura digital e como otimizá-la, a utilização de técnicas inteligentes pelas organizações e metodologias ágeis.