O melhor para combater a mentira é o fortalecimento da verdade. A expressão é do presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), o jornalista Marcelo Rech, em palestra que abriu o “Diálogos Atricon”, nesta segunda-feira (19), em Brasília. O evento reuniu uma série de atividades da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), entre elas os lançamentos do Projeto Comunica, do Relatório de Gestão 22/23, do e-book e site das Boas Práticas dos TCS, além da instalação do Conselho Consultivo e a inauguração de novas salas da entidade.

Na palestra, “Desinformação e crise de confiança: como reverter”, Rech defendeu um pacto mundial entre instituições para se atingir esse objetivo e, especificamente em relação ao Brasil, a responsabilização das plataformas digitais no mínimo como corresponsáveis pela divulgação de notícias falsas. “Na Alemanha elas já se submetem a regras e funcionam normalmente dessa maneira há pelo menos cinco anos. Por que no Brasil elas não querem ter responsabilidades?”, questionou.

Por aproximadamente uma hora, Rech explanou sobre o papel dos órgãos de controle no mundo da comunicação e os esforços que precisam ser feitos para reverter um cenário que hoje leva ao descrédito em larga escala, ao crescimento de golpes e estelionatos digitais, ao aumento da radicalização e do extremismo, à perda de confiança na democracia, à percepção de que justiça precisa ser feita com as próprias mãos e aos conflitos sociais.

Na avaliação do jornalista, é necessária uma série de medidas para a reversão do quadro preocupante que se vê na atualidade. A começar pela credibilidade das instituições, papel no qual os Tribunais de Contas e organismos fiscalizadores são essenciais. Para Rech, é preciso ser honesto e demonstrar que se é honesto. Para enfrentar o descrédito e a desinformação das instituições e organizações precisam fazer alianças, responsabilizar os culpados e fortalecer a verdade.

“A desinformação não ocorre por acaso. Ele está a serviço de algum interesse, vale-se do compartilhamento e tem muitos graus, do delírio a nuances sutis”, disse. Olhando para um cenário que já está em construção, trata como pontos de preocupação o uso indevido da inteligência artificial, o crescimento das autocracias e de governos extremistas e o enfraquecimento da imprensa.

Foto: Andre Felinto/Atricon